quarta-feira, 13 de julho de 2011

Continua 3 - domingo de praia

                              Entre os peladeiros, fui o primeiro a chegar. Ainda não eram 8 horas, e  poucas pessoas passeando ou fazendo caminhadas para manter a forma. Podia se observar alguns pescadores  retirando de suas jangadas, o produto da pesca noturna.                                                                                                                                                                            Me acerquei  da jangada do Zeca Tubarão "esse tem uma estória a ser contada". e ajudei ele a empurrar e levar a jangada até próximo as dunas, para evitar que na maré alta ela fosse carregada pela ondas. Ei moleque, teu pai tá em casa? tá respondi. Essa peixada é para ele. Não queres me ajudar a levar, tá muito pesado pra mim?
                                Como ainda era cedo, não tinha chegado ninguém para pelada, resolvi dar uma maozinha ao sr Zeca  Tubarão. Segurei o cesto de peixe por um lado e ele pelo outro. A sua mão direita faltavam três  dedos, eram os dedos centrais. O tubarão havia comido, e por pouco ele não perdeu a mão toda. Era essa a estória comentada no bairro.
                                 Gostaria de ouvir os detalhes, como tinha acontecido a perda dos dedos, estava simplesmemte curioso más tinha receio de ser mal interpretado e receber um não como resposta. Seu Zeca percebeu meus olhares de interrogação para aquela mão de dois dedos que balançava para frente e para trás. Voçê que saber a história  de como o tubarão levou meus dedos? Claro respondi sem pestanejar. "Então ele começou a contar sua história". As pessoas imaginam, criam versões, más a verdade só eu conheço. Nessas horas o macho se torna fêmea o forte fraqueja, diante de tamanha ameaça. Era o começo de sua historia. Uma manhã, céu limpo, sem nuvem que pudesse imaginar tempestade. A água do mar estava tão limpa que dava para perceber o manto de coral bem abaixo de minha jangada. Tinha deixado um espinhel e uma rede pronta para  pegar peixes que normalmente entravam nas malhas ou se ferravam tentando comer a isca, não muito longe de onde estava. Não havia  sequer fisgado uma piaba. Percebi que tinha uma dupla de tubarão rondando a jangada, e isso significa que há peixes pela redondeza. Não me apavorei porque estava seguro. De repente, senti a linha de pesca se esticar cantar cortando a agua, tinha um peixe no anzol. Percebi pela força que ele fazia para se livrar, que era um peixe de bom tamanho. Começou a se movimentar da esquerda pra direita, indo as vezes  por baixo da jangada o que dificultava a captura . Continuei puxando e percebi ser um xaréu tamanho  família. Puxei até
ele colocar a cabeça fora dágua. Com um porrete que sempre levava,  acertei em cheio sua cabeça, entao ele se abrandou. Peguei com uma a mao direita a parte da guelra e com a esquerda segurei com firmeza no rabo. Comecei aos poucos colocá-lo em cima da jangada e antes disso....
                         O tubarão veio por baixo da jangada sem eu perceber, e pulou, em um salto sem precedente, e segurou o peixe que já estava praticamente fora dágua. Senti uma dor tremenda, minha mão foi junto e por pouco não fui também, porque ele fazia força para levar o peixe e minha mão estava entre seus afiados dentes. Em fração de segundos  pensei. Minha mão vai, más eu não for ser almoço de tubarão. Senti os ossos a carne se dilacerando, então ele foi embora levando o peixe e os tres dedos de minha mão.
                            Fiquei por alguns minutos, sofrendo com a dor. Olhei para o restava de minha mão direita. Senti que minha vista estava ficando nublada, más não era hora de me entregar. Tirei uma camisa limpa de dentro da sacola que sempre me acompanhava nesse trabalho. Consegui com os dentes rasgar em algumas tiras de pano, e comecei com a mão esquerda amarrar abaixo do cotovelo e apertar até o sangue parar de jorrar.
                             passado o susto, agora teria que  ter força para regressar a praia e procurar socorro. Levantei com muito esforço a vela que logo se encheu com uma lufada de vento e comecei a velejar. O vento soprava forte a meu favor. Logo estaria na praia.
                              Parecia uma eternidade aquele deslocamento. Ainda era muito cedo,  não havia viva alma que me ajudasse. Subi as  dunas e cheguei na estrada. De repente surgiu do nada um jeep, dirigido por um pescador que estava se deslocando para o lugar de sua pescaria.
                               Acenei com o que restou de minha mão direita. O motorista parou desceu e me ajudou a subir. No caminho ele perguntou o que tinha acontecido. Narrei mais ou menos os acontecidos até pararmos em frente ao hospital.
                                Só lembro que me colocaram em uma maca. Ao acordar no dia  seguinte estavam ao meu lado, minha esposa e meus dois filhos. Eu estava vivo, pensei. Isso é o que importa.
                                O relato demorou o suficiente ate chegar em minha casa. Deixei os peixes e imediatamente voltei a praia. Teria que ir. A  bola era minha, e estava comigo. Não haveria pelada se eu não estivesse lá.
                                Chegou a bola, Osman vai ficar de meu lado, falou Toinho." O dono da bola sempre tem lugar na pelada, ou então não haveria jogo". Não era meu caso, mesmo não sendo um excelente jogador, sempre era solicitado para fazer parte dos jogos.
                                A praia estava excelente para a prática do futebol. A maré estava baixa. Começamos a pelada, más nesse dia perdemos de goleada.
                                 Entramos na água para nos refrescar e nos aproximar de algumas gatinhas que já se banhavam. A paquera havia começado. Quem sabe teria-mos novas amizades?

Nenhum comentário:

Powered By Blogger